Endoscopia na Preservação da Fertilidade

As endoscopias ginecológicas apresentam um papel importante na avaliação do casal infértil e não podem ser negligenciadas e nem substituídas pela reprodução assistida sem uma indicação precisa.

A propedêutica básica do casal infértil deve ser feita para todos os casos, inclusive as endoscopias ginecológicas quando indicadas antes de optar por determinado tratamento. Quando a indicação for a videolaparoscopia ou a videohisteroscopia, devem ser observados os cuidados com as técnicas cirúrgicas para não comprometer ainda mais a fertilidade, sempre respeitando as contraindicações dos procedimentos.

As cirurgias tubárias para salpingoplastia, fimbrioplastias e salpingectomia, que são procedimentos para melhorarem as condições das trompas ou retira-las se muito alteradas, tem muitos defensores entre os profissionais, porém os dados da literatura são controversos. Muitos autores indicam a realização desses procedimentos antes da reprodução assistida, desde que ofereçam chances boas de gravidez, pois são mais simples e proporcionam nova gestação futura sem necessidade de intervenção.

Para as cirurgias ovarianas, a preservação da fertilidade precisa estar sempre em primeiro plano, pois qualquer procedimento realizado nos ovários pode comprometer sua reserva de óvulos, e com isso limitar as chances de gravidez futura. Nos casos da Síndrome dos Ovários Policísticos, a realização do drilling ovariano, que é a cauterização superficial dos ovários, pode comprometer a quantidade de óvulos restantes, embora alguns autores afirmem que isso não ocorre. Nos casos de patologia maligna de ovário, antes de cirurgia radical, deve-se programar a criopreservação dos óvulos ou do tecido ovariano se este estiver em condições para tal procedimento. Para as patologias benignas, a cirurgia conservadora é o indicado, tentando preservar a maior quantidade de tecido ovariano, reservando a retirada do ovário para os casos que tecnicamente não for possível mantê-lo.

A endometriose é uma patologia frequentemente associada á infertilidade, portanto seu tratamento precisa ser sempre direcionado para a preservação da reserva ovariana, realizando a investigação completa antes de indicar a cirurgia. Vários autores referem que a cirurgia deverá ser realizada quando não se obtêm sucesso com os tratamentos para engravidar. Uma conduta conservadora como controle dos sintomas ou então aspirar os cistos de endometriose antes da gravidez devem ser indicados nos casos onde já haja um comprometimento na reserva ovariana, deixando a cirurgia completa para depois do nascimento.

A miomatose uterina é uma patologia frequente nas mulheres acima dos trinta anos, muitas delas querendo engravidar. Nesses casos a miomectomia é a cirurgia indicada, independente da via utilizada, videolaparoscopia ou cirurgia aberta. A avaliação inicial adequada, definindo a quantidade e localização desses miomas, diminui o risco de comprometimento do útero, preservando a fertilidade daquela mulher.